sábado, 25 de dezembro de 2010

Ouvi dizer muitas coisas
sobre a vida, sobre a morte,
sobre a sorte, sobre o medo...
sobre o mundo!
Em nada acreditei de pronto.
Tudo tão sem imaginação!
Quero viver o absurdo,
aquilo que é improvável,
sem delimitações entre
o que quero e o que posso.
Inventar é viver!
Eu hoje recriei você...

Frugal

Caberia em mim o genérico,
mas possuo um dom único.
Deveria ser chamada hiperbólica
e também creio que talvez
meu melhor adjetivo não seja frugal:
aprecie sem moderação!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fraco

Tenho um fraco por ilusões
desmedidas, fertéis.
Acredito no que pressinto,
duvido do que vejo.
Leio o que não está
escrito na tua testa,
mas sim na tua lábia
que não me faz sequer falta .

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Regras

Sou dessas mulheres
que na unha só usa vermelho
e que o batom é a única maquiagem:
a pintura apaga minha beleza.
Visto qualquer roupa pra sair
desde que combine com os brincos.
Algumas coisas são meros enfeites...
Quanto mais inútil o objeto,
mais bonito deve ser
para que se justifique seu uso.
Essa regra também se aplica
aos homens...

domingo, 19 de setembro de 2010

Falando de mim

Sinto tanto e tantas coisas...
Sou arrojada e retrô.
Quero amor, mas detesto
tudo o que vejo.
Adoro azul e cinza,
de preferência separados.
Não tenho como caber em mim
porque meu ego
é maior que meu corpo.
Preciso provar diversos gostos
e abandonar todas as certezas.
Agora, falando de você,
sou muita mulher
para um homem só.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Líricos

Seus olhos líricos...
Me perco com facilidade.
Enveredo por esses girassóis
que me consomem o tempo.
Passo horas a admirar
e a andar por entre as frestas
de seu olhar florido.
Lirismo puro.
Eu sou o lírio em meio
ao campo de girassóis.

Regresso

Poesia, aqui me tens de regresso!
Desculpe ter te abandonado.
Precisei andar em outras searas
para descobrir que pertenço a ti.
Tentei fugir dos versos,
escapar das rimas e melodias...
Para que, enfim?
Só para que eu soubesse
que ser poeta é meu fim.

domingo, 4 de julho de 2010

Bolo

Fiz um bolo pensando em você.
Esperei sua chegada como
uma criança aguarda Papai Noel.
Mas você não veio...
O bolo ainda está guardado.
Deve estar duro e seco
como o bolo que você me deu.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Confissões

Tenho o péssimo hábito
de despertar amores.
Não sei o que se passa
na cabeça dos homens...
Fazem mil declarações cafajestes,
que se eu fosse mais ingênua
cairia como uma tonta!
Parodeando um certo poema,
não sou tão irresistível
que não possa sofrer,
nem tão romântica
que não possa enganar.
Mas sou paixão acima de tudo.

domingo, 6 de junho de 2010

Dúvida

Frágil a ponto de ser inquebrável,
pois já não há o que despedaçar...
Derradeira vontade em vão
de ainda tentar divagar.
O que era crença transborda
do cálice da certeza absorta
e derrama sobre a dúvida,
eterna e indissoluta...

O nada

Senti que estava vazia.
Minha alma fugira,
meu corpo se esvaía
enquanto eu sonhava:
fez-se em mim o nada.

Silêncio

Como se não bastasse o frio,
o silêncio invadiu minha casa.
Trouxe a solidão consigo.
É absurdo sentir desejo
quando o nada é o que se tem?
Não... mas é inútil.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Versos banais

Encontrei um escrito forjado
como se fosse verdade.
Apenas versos banais,
uma bobagem de poema.
Algumas das palavras
que dediquei a ninguém.

domingo, 30 de maio de 2010

Musa

Li seus poemas
e me vi ali, escrita.
Cada musa tem
o poeta que merece.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sou poeta

Agora sou poeta também
Sem deixar de ser minha própria musa.
Continuarei assim,
Brincando com as palavras
E com os corações.

No meio do fundo

O poeta está poetando em algum lugar
Quem sabe no meio da rua
Ou no início do quarto
Talvez no fim do mundo
Não sei...

Olhar

Não queira ser meu

Oh Romeu

Oh Proteu

Pois eu não sou eu

Sou Ninguém

Esperando pelo ciclope

Que vou cegar

Sem espada

Só com o olhar

Qual górgona

Banquete

Quer virar banquete?
Quer ser devorado
Estraçalhado
Estilhaçado
Por mim?
Você é fênix?
Se for
Pode ter até repetição
Senão
Melhor nem provar

Sol

O sol não veio hoje
Pois a névoa encobriu o céu
Meu rosto não sorriu,
se anuviou...
O frio me seguiu
O calor não me abrasou
E essa sutil rota
Que faz meu corpo todo
Entre roupas rotas
À procura de uma cama quente
É para chorar o sol
Que não veio hoje.

Máscara

Se as cortinas se abrirem

E a máscara cair

Tente não perder o encanto.

Mais que um personagem

É uma pessoa que ali está

Que não quis se mostrar

Se camuflou para se proteger.

No teatro da vida

Faz parte recriar-se,

Reinventar-se, rearrumar-se.

Ser outro para ser você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desisto!

Não quero mais esse amor.
Afinal, desistir  também é um ato de coragem.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Título

Sou como livro.
Tenho título e subtítulo.
Autor e ilustrador.
Capa vistosa.
Conteúdo interessante.
Algumas reticências...
Muitas palavras!
Páginas e páginas de histórias.
Boa parte de memórias.
Leia também nas entrelinhas.

terça-feira, 30 de março de 2010

Cara no chão.

Passando pelos becos da cidade,
uma cena chamou minha atenção:
vi o amor descendo a ladeira
prestes a cair de cara no chão.

Imemória

Por que rasguei as lembranças
de uma vida inexistente?
Sabe-se lá Deus
o que se passa por detrás
das difíceis mentes...
Engessada, a memória falhou.
Doce foi perder o que não tive.
E triste foi saber que aconteceu.

Murmúrios sentimentais

Perdidas as crenças,
velam-se os sonhos
contidos em si.
Pertence a quem
tamanha maldade?
Repetidos versos
coroam a negação:
vozes secas e sós
assolam as preces
dos mais devotos
murmúrios sentimentais.

segunda-feira, 22 de março de 2010

La vie en rose

Havia me jurado
pela vida inteira
e não menos que isso.
Agora não vejo mais
la vie en rose.

sábado, 20 de março de 2010

Por quê?

Por que amar alguém
cujo rosto é mistério
cujo segredo reside
em não expressar o óbvio.
Por que amar alguém
tão diferente e intenso
tão verdadeiro e manso
guardando para si
o instito ávido de existir.
Por que amar alguém?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Por que me ver?

Se, ao escrever, não deixa meus rastros.
Tão simples quanto dizimar palavras
é encerrar as lembranças de mim.

terça-feira, 2 de março de 2010

Estar

Espero olhares...
espelho desejos
espalho amores
espio rumores
esboço bordejos
esgoto os mares.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tristeza

Às vezes eu sei o que é tristeza.
Nem sempre a reconheço
e nego até a morte que ela exista.
Ainda sim sei que sou triste,
não porque sinto a tristeza
mas porque a vivo.