quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Transfusão.

Do outro lado do espelho,
a menina sorri,
ainda que seus olhos sejam tristes.
Ajeita o cabelo comprido
e brinca de caretas nada assustadoras.
Deste lado, a mulher não sorri.
Mas seus olhos brilham.
Não sabe como é.
Apenas quer trocar de lugar:
Diz para a menina vir para cá.
E assim as imagens se transfundem.
E se eu disser que te amo
de um jeito torto
meio trôpego
de modo cético
até crítico
Que te amo errado
mesmo que não exista
um jeito certo?
Talvez você diga:
eu também
Aí reside meu medo.

Bíblia

Um senhor me perguntou
"Que livro troncudo, menina, é a Bíblia?"
"Não, é a Poesia Completa de Manoel de Barros."
Queria dizer que também é uma bíblia,
mas minha religião não permite.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Queria fazer um poema
onde todo Zé coubesse:
não é, seu Zé?
Zé que também é meu,
que é de nós, simples assim.
Zé tão amado
debochado, divertido.
Humilde assumido,
Zé ninguém, todos em um.
Nome de santo, 
nome de pai,
abreviado em um só som:
Zé!
Quem não tem um Zé,
que o ache!