quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sobre a gente,
foi incompletude de sentido.
Acontece que sou um poema de amor
e de amor você só tem a primeira letra.
Acho que sua palavra não era mesmo amor...
Era cilada. Só acho.

Cartinha para você sabe quem

Meu caro (não tão) amado,
não ligue para as palavras doces
que um dia tentei te dizer.
Só quis me convencer
de que estaria sempre ali,
embora desejasse te matar
todas as vezes que você
me beijava.
E por que jamais perguntei por quê?
É tão simples quanto física nuclear:
nunca soube dizer não.
Mas era amor. Eu acho.

domingo, 4 de setembro de 2016

Não era pra ser

Talvez meu enredo
seja mesmo escrever
Tecer umas palavras vãs 
que saem do canto da boca
Ou murmuradas em tom de mantra
como o velho "nãoerapraser"

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Em nossos lábios, o desejo de ser
um do outro, um no outro: fusão.
Mas já somos desde sempre,
não há mais eu nem você.
Apenas amor, matéria única.




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

:*

Breve e improvável.
Impactante tanto
quanto pareceu.
Sutileza contraditória
de um beijo insuperável
trazido pela boca
que ama mais.
Se é que ama...



domingo, 1 de julho de 2012

Dívida


A cada esquina,
um dívida de vida
com os Céus.
Nada divino.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Transfusão.

Do outro lado do espelho,
a menina sorri,
ainda que seus olhos sejam tristes.
Ajeita o cabelo comprido
e brinca de caretas nada assustadoras.
Deste lado, a mulher não sorri.
Mas seus olhos brilham.
Não sabe como é.
Apenas quer trocar de lugar:
Diz para a menina vir para cá.
E assim as imagens se transfundem.
E se eu disser que te amo
de um jeito torto
meio trôpego
de modo cético
até crítico
Que te amo errado
mesmo que não exista
um jeito certo?
Talvez você diga:
eu também
Aí reside meu medo.

Bíblia

Um senhor me perguntou
"Que livro troncudo, menina, é a Bíblia?"
"Não, é a Poesia Completa de Manoel de Barros."
Queria dizer que também é uma bíblia,
mas minha religião não permite.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Queria fazer um poema
onde todo Zé coubesse:
não é, seu Zé?
Zé que também é meu,
que é de nós, simples assim.
Zé tão amado
debochado, divertido.
Humilde assumido,
Zé ninguém, todos em um.
Nome de santo, 
nome de pai,
abreviado em um só som:
Zé!
Quem não tem um Zé,
que o ache!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Essa saudade que me dói tanto
é uma saudade que perdura,
que não me abandona,
que não se cura...
É a saudade de quem se foi
e de quem está, mas não aqui.
Do tempo, do canto, do cheiro,
da alma, do peso, do sonho.
Saudade branda, às vezes morna...
Saudade dura, escura, torta...
Saudade morta quando esqueço
que lembrei de sentir falta.

Assim seja

Não aja como se
qualquer coisa fosse poesia,
mesmo que assim seja.
Prefiro descrer do insípido
sabor do dia a dia
para não perder o agridoce
poema que amo:
a minha amarga vida.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Poesia


Ando à caça de alguma poesia, visível ou invisível,
dessa que só o cotidiano sabe... Alguém me arruma?
Me arruma também uma felicidade que cabe em si,
mas transborda dos outros, uma felicidade simples
e, por isso, rara.  Tá difícil de encontrar.
E, por favor, se der, me ache também palavras
variadas e consistentes, que eu possa doar
depois de burilar. Quero juntá-las e fazer arte.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Degustação

Catar palavras pra um poema
é tarefa pra mais de anos.
Mas depois tem que
juntar,
peneirar, 
misturar
e, às vezes, descartar...
Não se trata de escrever apenas:
é plantar, 
colher ,
preparar 
e comer.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Poema Presença

Me deparei com a angústia
de quem parte e deixa partir.
Faz parte de tudo que li:
Ausência...
Mas não tem dor.
São palavras de certo Poetinha,
que é qualquer coisa de vida,
qualquer coisa de triste,
qualquer coisa de ser,
qualquer coisa de dúvida...
Fui. Foste. Fomos.
Não estar é, antes de tudo,
se fazer presente.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ora.

Reza.
A fé que nos move
é a mesma que nos trava.
Crê.
Não se precisa ver
para ter certeza.
Segue.
Caminhar em frente
às vezes requer voltas.
Ama.
Sentir é de fato
o maior ato do ser.

terça-feira, 22 de março de 2011

Melado

Saboreei teus lábios
como quem nunca comeu melado.
Me fiz doce desde então...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Ouvi dizer muitas coisas
sobre a vida, sobre a morte,
sobre a sorte, sobre o medo...
sobre o mundo!
Em nada acreditei de pronto.
Tudo tão sem imaginação!
Quero viver o absurdo,
aquilo que é improvável,
sem delimitações entre
o que quero e o que posso.
Inventar é viver!
Eu hoje recriei você...

Frugal

Caberia em mim o genérico,
mas possuo um dom único.
Deveria ser chamada hiperbólica
e também creio que talvez
meu melhor adjetivo não seja frugal:
aprecie sem moderação!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fraco

Tenho um fraco por ilusões
desmedidas, fertéis.
Acredito no que pressinto,
duvido do que vejo.
Leio o que não está
escrito na tua testa,
mas sim na tua lábia
que não me faz sequer falta .