quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Música

Cada canção que você cantarolava
todas as manhãs, para me acordar,
ficaram gravadas no meu coração.
Hoje saem dos meus lábios
em meio a lágrimas e saudade.
Você pegou o trem, não o das onze
mas o da manhã que chegava.
O dia vinha raiando, meu bem,
e você teve que ir embora.
Você foi, amor: vai que depois eu vou!
O meu dia também vai chegar.
Mas pai, cadê o jarro?
O jarro que eu plantei a flor...
A flor da saudade. Está aqui.
Recordar é viver,
eu ontem sonhei com você!
Canterei todo dia:ao acordar,
ao comer,
ao estudar,
ao dormir...
Cantarei o que você me ensinou:
a música e eu somos uma só.
E minha voz refletirá a sua,
meu sorriso será como o seu,
e a alegria vai se espalhar.
Madureira chorou de dor,
mas eu vou sorrir,
mesmo a voz do destino,
obedecendo ao Divino,
tendo chamado a minha estrela...

31/07/08

Combustível

O pouco é melhor que nada.
Faço poesia e isso me basta.
Sentir é combustível
para escrever
até o que não sinto.

11/08/08

Ovídio

O oceano é um filete d'água...
Depende de onde você olhar.
A poesia nos distancia
e é o que nos aproxima,
como um imã bipolar.
A verdade é uma mentira
que se realiza...
Se eu minto que sinto,
amanhã posso sentir.
Como já dizia Ovídio:
mesmo ao perceber
que a paixão é fingida
é comum que um amor simulado
se torne verdadeiro...

12/08/08

Esta noite

Esta noite...
Será seu fim, meu início,
sem deixar qualquer indício
de que um amor aconteceu.
Esta noite,
sem dúvidas e sem receios.
Acontecerá o que anseio
há tempos sem você saber.
Esta noite!
De hoje não vai passar.
Amanhã, assim que acordar,
não estarei mais a seu lado.

02/08/08

Cores caras

Não escreva para mim,
embora eu escreva.
Uso cores claras,
se possível transparentes.
Essas cores me são caras,
pois só vê quem pode
e não quem quer...
Ao vivo, mudo o tom:
peso na tinta.
Se não escurecer, apareço.
E se apareço, o mistério se desfaz.
E desfeito o mistério,
não há o que escrever.

09/08/08