segunda-feira, 6 de abril de 2009

Casca

Já nem sei se moro em mim.
Perdi o que tinha de bom:
sucumbi.
Sou casca: seca e oca.
O gosto que tenho na boca
não reconheço,
só sinto áspera a língua,
parece estar do avesso.
Acho que fui ferida.
Mas não senti.
Acho que não tenho vida,
mas nem soube que morri...

domingo, 5 de abril de 2009

Raiz

Renda-se a mim
como se rende
ao amor infindo.
Fique sempre,
não menos que isso,
pois serei o chão
onde fincará sua raiz.
Se quiser ficar longe,
será a distância de um triz.
E se quiser ir embora,
vá para dentro de mim.
Já é todo e não parte,
meu inteiro, não metade.

Rua sem saída

Corre de mim sem verdade.
Finge ir para longe
mas está mesmo tão aqui
e não menos distante
que um palmo de caminho:
um milímetro de si.
Se evita figurar saudade,
foge sem hesitar
e sem deixar memórias.
Leve na mala as histórias,
as mentiras e as lições de vida.
Atravesse a rua sem medo,
mesmo sabendo que é sem saída.